Tecido de uma vida

Alô Mamãe!

ESCRITO POR JOSÉ WILLE | 26 NOVEMBRO 2010

Não sendo um profissional de vendas ou marketing, fiquei surpreso ao ser avisado de que seria a “Personalidade do Ano de Comunicação” da ADVB.   E não sabia o que iria dizer lá no palco. Mas acabei fazendo algo que, talvez, a maioria gostaria de fazer, em um momento assim. Agradecer a quem nos trouxe até aqui.  

Então, além de agradecer aos amigos da ADVB pela lembrança, dediquei a homenagem à minha mãe. E é fácil entender o motivo:  Ela foi uma menina que tinha três sonhos impossíveis, para quem morava em um sítio em Monte Sião, Minas Gerais, nos anos 1930:  Ter seis filhos, todos homens. Isso porque ela sentia que as mulheres, naquela época, sofriam muito. Gostaria de dar formação a estes filhos. E também queria muito ir para a escola, que era longe do sítio.  

Realizou o sonho dos filhos: teve seis, todos homens. E ainda adotou mais um menino, completando sete, e mandando todos para a universidade.  O outro sonho ela não conseguiu realizar: teve que sair da escola cedo. A mãe queria que ela, que era a mais velha, ajudasse a cuidar da casa, e dos outros 12 irmão pequenos. Foi uma grande frustração.  Mas ela deu a volta por cima, mais tarde: Voltou à escola, já perto dos 70 anos, para terminar os estudos. Depois de trabalhar durante o dia, ia todas as noites para o colégio, até completar o segundo grau.  

E o terceiro sonho, formar os sete filhos, ela também realizou. Em casa ela trabalhava com a tecelagem primitiva, uma tradição da sua família, em Minas Gerais. Assim ajudou o marido.  E se tornou uma pioneira: Ela tem a barraca de número um da feira do Largo da Ordem de Curitiba. Zélia Scholz, da tecelagem, da roca e do fuso, que todos fotografam aos domingos, hoje é uma espécie de símbolo da cidade.  E além dessa história, ela nasceu exatamente há 79 anos, no dia 24 de novembro, data em que o prêmio da ADVB foi entregue. Por tudo isso, o prêmio realmente é dela.  

Um feliz aniversário mãe. E obrigado. 

José Wille