2/21/2008

Trama bem amarrada







O Senac São Paulo acaba de lançar mais uma obra obrigatória para o povo da moda: Tecidos - História, tramas, tipos e usos é para estudantes, pesquisadores, produtores, estilistas e quem mais se interessar pelo assunto. Escrito pela especialista em moda Dinah Bueno Pezzolo (autora também de A pérola - história, cultura e mercado e Moda Fácil: guia de estilo para todas as ocasiões), o livro é resultado de uma pesquisa histórica que mostra a evolução do tecido – das tramas mais primitivas aos fios inteligentes.

Dividido em 12 capítulos e com direito a um glossário de termos relacionados ao tema, o livro aborda a origem e o aperfeiçoamento dos tecidos, começando pelo linho, algodão, lã e seda, primeiras fibras têxteis cultivadas pelo homem ainda na Antigüidade, chegando ao feltro, malha, veludo e denin. Cada uma é analisada desde a sua descoberta até a atualidade, em diferentes abordagens (econômica, política e sociológica são algumas).

No capítulo destinado às fibras e fios, a autora explica que as matérias-primas naturais foram usadas na tecelagem até que o homem sentiu necessidade de criar as fibras artificialmente com a ajuda da química. “Os aperfeiçoamentos garantem um grandioso futuro na história dos tecidos. A combinação de fios naturais e químicos vem dando origem a uma infinita variedade de tecidos.

Não é à toa que o tecido constitui a base da evolução da moda.
Esta, por sua vez, exige muito mais do que aparência”, conclui. Em tecelagem e classificação, Pezzolo enumera os tipos de tear e de tecido na tecelagem (ligamento, tafetá, sarja e cetim), na coloração (crus, alvejados, tintos, mesclados, estampados, listrados e xadrezes) e na formação (planos, malha, de laçada, especiais e não-tecidos – obtidos sem o uso do tear).

Beneficiamento têxtil, textura e estampagem é mais um capítulo do livro. Dessa vez, conhecemos as etapas pelas quais as fibras passam, começando pela limpeza até o acabamento; os tipos de tintura que existem; e os métodos de estamparia, desde os mais antigos, datados de V a.C. Já em Motivos e padrões, ficamos sabendo que, em relação às cores, os tecidos são divididos em lisos (uma cor) e fantasia (duas ou mais cores). Este último pode ser de padrão clássico (listrados, cashmere, xadrezes, tweeds, olho-de-perdiz, risca-de-giz e com poás) e os que possuem motivos variados (subdivididos em floral, geométrico, animal, abstrato e figurativo).

Os tecidos produzidos na África ganharam um capítulo por conta da sua variedade de materiais, cores vibrantes e papel nas diferentes sociedades do continente. “Os trajes são vistos como símbolos de prosperidade do grupo. A qualidade, o tamanho e a ornamentação das roupas revelam a classe social das pessoas. Em rituais nos quais os personagens se cobrem da cabeça aos pés, os tecidos têm grande importância e constituem atributos indispensáveis”, explica a autora.

Nos dois últimos capítulos, Pezzolo apresenta a nova geração de tecidos, chamados de “inteligentes” por oferecer qualidades especiais, que vão de funções simples, como repelir insetos, às mais complexas, como proteger dos efeitos nocivos do sol. Na moda, toda a tecnologia aplicada a fibras, fios e tecidos resultam em efeitos surpreendentes na passarela e chega ao grande público através de invenções revolucionárias como a do zíper, em 1893, do náilon, em 1935 e do velcro em 1948.

Curiosidades

O algodão egípcio é considerado o melhor do mundo, abastecendo fábricas em vários países. Seu diferencial está no comprimento das fibras, classificadas de longas a extralongas, mais macias e resistentes que as demais. Os mais luxuosos hotéis se orgulham por oferecer a seus hóspedes roupas de cama e banho feitas com o material.

Feito de algodão, o denim foi utilizado nas velas da embarcação de Cristóvão Colombo em sua viagem de descoberta da América, em 1492. No século XIX, era usado na confecção de calças resistentes para marinheiros da cidade de Gênova. Foi observando a resistência do tecido que Levi Strauss o adotou para a calça que seria uniforme no mundo, o jeans.

Ao notar que pastores e fazendeiro usavam aventais de linho que eram frescos no Verão e quentes no Inverno, o inglês Thomas Burberry tentou aplicar os mesmos princípios em outras roupas. Em 1879, inventou um tecido à prova d’água. O novo material era extremamente resistente e impermeável, ao mesmo tempo fresco e respirável. Ele o chamou de gabardine e registrou a palavra como marca. A primeira capa de chuva em gabardine da Burberry apareceu na virada do século passado.

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Serviço

Tecidos - História, tramas, tipos e usos
Autora: Dinah Bueno Pezzolo
Editora: Senac São Paulo
Páginas: 324
Preço: R$85

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